quinta-feira, 23 de maio de 2013

A Criança e a Fase de Enfrentamento aos Pais

       A partir dos 18 meses de idade até por volta dos 4 anos, começa uma fase de enfrentamento aos pais,  especialmente por ser um momento de maior autonomia para a criança. Nessa fase aprende a controlar os esfíncteres anais e a bexiga, e já adquiriu todos os instrumentos necessários para formar frases e conversar. 
É o período em que a criança começa a se reconhecer como uma pessoa e quer mostrar que tem opinião própria: ela não quer tomar banho, recusa-se a sair do balanço, quer escolher as próprias roupas, rejeita o prato de comida, enfim, variados comportamentos opostos ao que o adulto solicita.
Antes de qualquer coisa, não se desesperem: a fase do não faz parte do desenvolvimento da criança. Entre 1 a 2 anos, a criança provavelmente já escutou muitos ‘nãos’, então quando começa a dizer ‘não’, nem sempre esta desafiando o adulto, pode estar apenas imitando-o. 

Por outro lado, enquanto a criança estiver nesse processo de descoberta de seus atributos como pessoa, ela continuará apresentando uma acentuada tendência a opor-se a interferências. Por isso resiste a qualquer coisa que não se harmonize com as ideias e atitudes que adotou. Ela vê quase todas as propostas dos adultos como uma ameaça potencial a sua identidade. Essa reação de oposição representa uma fase de transição entre a dependência e docilidade do bebê e a autonomia e a iniciativa características das crianças em idade pré-escolar.

Essa fase exige paciência dos pais para contornar os muitos ‘nãos’. A conversa ainda é a melhor solução, mesmo que nessa idade a criança não compreenda tudo. Converse com seu filho para fazê-lo mudar de idéia, usando argumentos que a criança possa entender. Outro ponto importante a destacar é que ser compreensiva com a criança não quer dizer que os pais sejam flexíveis as regras.

Muitas vezes pais que passam pouco tempo com os filhos, cedem facilmente aos apelos das crianças, por se sentirem culpados, deixando os filhos fazerem o que bem querem. Então favorável ou não, é a opinião dos pais que determinam os limites.  Não podemos esquecer que as regras e limites são fatores importantíssimos para um desenvolvimento saudável da personalidade da criança.

Por fim, os conceitos éticos da criança de 2 até por volta dos 6 anos de idade fundamentam-se basicamente nas conseqüências de suas ações. Portanto, o medo da punição e o respeito à autoridade dos pais são os primeiros aspectos subjacentes à orientação moral da criança.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes: Alerta aos Pais, Educadores e a Sociedade.


        O abuso sexual é definido como uma situação em que uma criança ou um adolescente é usado para a gratificação sexual de um adulto ou mesmo de um adolescente mais velho, com mais de 16 anos e 5 anos mais velho que a vítima. O abuso sexual geralmente é praticado em situações nas quais o adulto induz a criança ou o adolescente, por meio de sedução, mentiras, promessas, presentes, ameaças e até violência física.
         A exploração sexual caracteriza-se pelo uso deles com fins comerciais e de lucro, seja levando-os a manter atividades sexuais com adultos ou adolescentes mais velhos, seja utilizando-os para a produção de materiais pornográficos como revistas, filmes, fotos e sites na Internet. São considerados exploradores, o cliente que paga pelos serviços sexuais e, também, os intermediários que induzem, facilitam ou obrigam crianças e adolescentes a se prostituírem.
O abuso sexual de crianças e adolescentes é mais comum do que se imagina. Os agressores em sua maioria são homens, com idade entre 30 e 40 anos, familiares das vítimas ou conhecidos da própria família. Portanto, fique atento a adultos , inclusive de sua confiança,  que com freqüência estão rodeados de crianças, oferecendo presentes e se colocando a disposição para ajudar em atividades cotidianas, escolares ou religiosas, sem cobrar por isto.

Fique atento também a algumas táticas usadas por abusadores:
- Fazem-se passar por jovens ou crianças da mesma idade;
- Abordam assuntos que agradam suas vítimas potenciais;
- Oferecem algum benefício monetário ou presente;
- Tornam-se ‘amigos’, criando uma atmosfera de acolhimento e dependência;
- Usam informações fornecidas por crianças, adolescentes e jovens durante o contato pela internet ou nos perfis criados em sites de relacionamento;
- Podem buscar esse contato fora da internet, pessoalmente, nas escolas, clubes ou lan houses.

As conseqüências do abuso sexual são graves: a criança abusada pode ter crises de choro, medo de ficar sozinha ou de situações específicas; pode ter prejuízo no relacionamento interpessoal, ficando retraída ou agressiva, apresentar problemas somáticos sem causas médicas e queda no desempenho escolar.
A criança pode ficar confusa com relação ao que aconteceu; sentir medo de ter provocado a situação, sentir-se coagida a guardar segredo, e tem medo de ser castigada caso conte o ocorrido. A situação é especialmente problemática quando o abusador  for um familiar ou alguém  íntimo da família e a criança já apresentar problemas de comportamento. De acordo com um estudo realizado na Austrália crianças que sofrem de negligência ou abuso físico e emocional tendem a desenvolver comportamentos de risco, como tabagismo e sedentarismo, que podem levar a doenças crônicas ao longo da vida.  Caso a criança conte que sofreu um abuso, observe, verifique, denuncie! Apenas 6% dos casos em que a criança relata a agressão relacionam-se à fantasia ou mentira. Muitas vezes, por vergonha, a criança, que tem o imaginário muito fértil, revela de maneira fantasiosa um caso para contar um abuso e isso leva as pessoas a não acreditarem.
Saiba que as crianças ou adolescentes nunca são responsáveis pelo abuso sexual. As crianças são curiosas quanto à sexualidade e ainda que façam perguntas de cunho sexual ou queiram ver ou tocar os genitais de um adulto, ou ainda mostrar seus genitais, é o adulto que tem a responsabilidade de interromper esta interação. As crianças estão explorando o mundo e parte disto diz respeito a sua sexualidade. Portanto, orientar crianças a respeito da sexualidade pode ter impacto preventivo sobre situações potencias de abuso.
O abuso e exploração de crianças e adolescentes além de ser um grande problema de saúde pública é um problema psicológico grave. Do ponto de vista psicológico, devemos considerar não somente a vítima, como, também, o abusador e a família de ambos. Todos eles necessitam de apoio psicológico. Além disso, o abusador ou estuprador que for preso, mas não receber tratamento psicológico, certamente voltará a praticar esse tipo de crime ao ser solto.
A criança que sofre violação e não é tratada carrega sequelas para o resto da vida e geralmente se torna um adulto com dificuldade de relacionamento social, depressivo, com impotência sexual, frigidez, além de poder cometer suicídio.
Apesar dos diversos canais para fazer a denúncia, as pessoas ainda tem receio de denunciar, por isso muitos casos permanecem acontecendo até que a criança chegue à adolescência ou nunca são descobertos. Não hesite, procure o Conselho Tutelar ou Disque 100 (Disque Denúncia), a denúncia é anônima, podendo ser realizada de qualquer telefone.




quinta-feira, 9 de maio de 2013

Ansiedade Infantil



De acordo com um levantamento realizado em 2011 pelo Centro de Atendimento e Pesquisa de Psiquiatria da Infância e da Adolescência, o número de crianças brasileiras que sofrem de ansiedade aumentou em 60% nos últimos dez anos. A ansiedade pode aparecer muito cedo, até mesmo nos primeiros meses de vida.
Ela pode se manifestar por meio de medos diversos, tais como medo do escuro, de fantasmas, de doenças, etc. E esse medo não desaparece mesmo que a criança veja que o perigo não existe.  A ansiedade, portanto, é comum nas crianças, porém, quando atrapalha seu desenvolvimento normal ela é considerada patológica.   

Pais, fiquem atentos! Os principais sintomas apresentados nas crianças com problemas emocionais, onde a ansiedade é comum vão desde problemas orgânicos, como: xixi na cama ( quando a criança já tinha deixado de fazer xixi na mesma), vômitos, falta de apetite,  dores,  problemas intestinais, perturbações durante o sono, até irritabilidade, inquietude, dificuldades alimentares, birras, insatisfação e dificuldades de atenção.  

As crianças que desde os seus primeiros anos de vida não foi incentivada a seguir regras, a atender os limites do que pode ou não, a entender que nem todos os seus desejos  podem ser satisfeitos, tendem a tornar-se crianças ansiosas. Os pais, desde cedo, devem ensinar aos seus filhos habilidades do dia a dia, como banhar-se, vestir-se, arrumar seu quarto, sua bolsa da escola,  com isso adquirindo autonomia.  Cabe ressaltar ainda, que expectativas excessivas dos pais com relação à produção escolar também fomentarão  uma ansiedade maior, assim como outras atividades exageradas. 

A mãe e o pai são figuras fundamentais para a criança, pois são eles que vão moldar o seu desenvolvimento. É importante que procurem se informar seja por meio de profissionais ou até mesmo através de leituras especializadas, de como se dá este desenvolvimento e que função, desempenham neste processo. A adequação das suas atitudes, o acolhimento das necessidades, a convivência com a insegurança e o prazer, o manejo com os desejos e a frustração, são situações com as quais estarão lidando diariamente e, com certeza, estarão oferecendo aos seus filhos a oportunidade deste aprendizado que, no futuro, lhes deixará em condições de conviver e lidar com as situações de maior complexidade.
 
Para a criança não desenvolver uma ansiedade além do normal, se faz necessário a participação tanto da mãe e do pai no processo de desenvolvimento da criança, a colocação de regras e limites, o acolhimento adequado para as ansiedades (medos, insegurança), uma boa tolerância à frustração, incentivar uma autonomia saudável, além de programas individualizados com cada filho, sem esquecer-se de inserir o pai nestas atividades.  

terça-feira, 7 de maio de 2013

Você já ouviu falar na Síndrome de Burnout?



        A Síndrome de Burbout, ou síndrome do esgotamento profissional, é um distúrbio psíquico descrito pelo médico americano Freudenberger. Sua principal característica é o estado de tensão emocional e estresse crônico provocados por condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas desgastantes.

            Podemos dividir o quadro da síndrome de burnout em quatro fases:

1ª Fase: Falta de vontade, de ânimo ou prazer de ir trabalhar. Dores nas costas, pescoço e coluna.  Diante da pergunta: “O que você tem?” a resposta geralmente é “não sei, não me sinto bem”.
2ª Fase: O relacionamento com os outros começa a se desgastar. Pode haver uma sensação de perseguição (‘estão todos contra mim’),aumenta o absenteísmo e a rotatividade de empregos.
3ª Fase: Diminuição notável da capacidade ocupacional. Podem começar a surgir doenças psicossomáticas, tais como alergias, psoríase, picos de hipertensão, etc. É nesse momento que começa a automedicação, que no princípio tem efeito placebo, mas, logo em seguida, requer doses maiores. Nesse nível pode ocorrer também o aumento de ingestão de bebidas alcoólicas
4ª Fase: Esta etapa é caracterizada pelo alcoolismo, drogas, ideias ou tentativas de suicídio. Podem surgir ainda doenças mais graves, como neoplasia (cancro), acidentes cardiovasculares, etc. Nesse momento ou até um pouco antes o ideal é se afastar do trabalho.
        Os profissionais que atuam na área de educação, saúde, assistência social, recursos humanos, agentes penitenciários, bombeiros, policias e mulheres que enfrentam dupla jornada tem maiores riscos de desenvolver o transtorno.

            Fique atento se começar a desenvolver os sintomas abaixo:

L Esgotamento emocional, com diminuição e perda de recursos emocionais;
L Despersonalização ou desumanização, que consiste no desenvolvimento de atitudes negativas, de insensibilidade ou de cinismo para com outras pessoas no trabalho ou no serviço prestado.
L Sintomas físicos de estresse, tais como cansaço e mal estar geral.
L Manifestações emocionais do tipo: falta de realização pessoal, tendências a avaliar o próprio trabalho de forma negativa, vivências de insuficiência profissional, sentimentos de vazio, esgotamento, fracasso, impotência, baixa autoestima.
L freqüente irritabilidade, inquietude, dificuldade para a concentração, baixa tolerância a frustração, comportamentos paranóides e/ou agressivos para com os clientes, companheiros e para com a própria família.
L Manifestações físicas: Como qualquer tipo de estresse, a Síndrome de Burnout pode resultar em Transtornos Psicossomáticos. Estes, normalmente referem-se à fadiga crônica, freqüentes dores de cabeça, problemas com o sono, úlceras digestivas, hipertensão arterial, taquiarritmias, e outras desordens gastrintestinais, perda de peso, dores musculares e de coluna, alergias, etc.
L Manifestações comportamentais: probabilidade de condutas aditivas e evitativas, consumo aumentado de café, álcool, fármacos e drogas ilegais, absenteísmo, baixo rendimento pessoal, distanciamento afetivo dos clientes e companheiros como forma de proteção do ego, aborrecimento constante, atitude cínica, falta de paciência e irritabilidade, desorientação, incapacidade de concentração, sentimentos depressivos, freqüente conflitos interpessoais no ambiente de trabalho e dentro da própria família.
      Para o diagnóstico faz um levantamento da história de vida do paciente e seu envolvimento e realização pessoal no trabalho.  O tratamento inclui psicoterapia, incluindo exercícios respiratórios e de relaxamento, e em alguns casos terapia medicamentosa.

IMPORTANTE:

J  Não utilize a falta de tempo como desculpa para não praticar exercícios físicos e não desfrutar momentos de descontração e lazer. Mudanças no estilo de vida podem ser uma das melhores formas de prevenir ou tratar a síndrome de burnout;
J Conscientize-se de que o consumo de álcool e de outras drogas para afastar as crises de ansiedade e depressão não é um bom remédio para resolver o problema;
J  Avalie quanto as condições de trabalho estão interferindo em sua qualidade de vida e prejudicando sua saúde física e mental. Avalie também a possibilidade de propor nova dinâmica para as atividades diárias e objetivos profissionais.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Ciência, Psicologia, Física e Espiritualidade



Desde que a Psicologia separou-se da Filosofia adquirindo status de ciência no final do século XIX, buscou estabelecer um conjunto de princípios que compreendesse o ser humano e pudesse favorecer o seu processo de desenvolvimento, cura e aprendizagem. Surgiram distintas escolas e de acordo com sua visão antropológica e visão de mundo, desenvolveram diferentes recursos de atuação.
Na década de 50, Abrahan  Maslow, ampliou o horizonte da psicologia trazendo questionamentos a respeito de quão pouco a psicologia havia  contribuído para questões tão dolorosas como as guerras e sofrimento humano. O referido autor declarou que até então Freud havia feito um excelente trabalho sobre o lado doente do ser humano, mas que deveríamos conhecer também o quem é o ser humano saudável, seu desenvolvimento, sua natureza,  para que realmente pudéssemos contribuir para uma sociedade melhor.
Seus estudos no contexto antropológico, psíquico e social levaram-no também a pesquisar sobre o que dominou de experiências culminantes, enfatizando que tais experiências remetem a estados mais elevados da consciência, promovendo o autoconhecimento com maior profundidade, bem como a emergência de valores positivos e de uma ética natural saudável. Maslow atribuiu a transcendência  os aspectos mais elevados do ser, os quais se dão na relação  intrapessoal, interpessoal e mais além. Deixava claro que a dimensão espiritual é parte da nossa biologia subjetiva e o ser plenamente humano  envolve corpo e espírito.
A psicologia então é dividida em quatro grandes correntes denominadas por forças, sendo a primeira força a Psicologia Comportamental,  a segunda força a Psicanálise, a terceira força a psicologia Humanista e a quarta força a Psicologia Transpessoal.  A psicologia transpessoal surge então a partir das ideias da psicologia humanista.  Maslow acreditava que vivenciar o aspecto transcendente era de extrema importância para nossa vida.  Pensar de forma holística, transcendendo dualidades como o certo e o errado, o bem e o mal ou então o passado, o presente e o futuro é fundamental.
 Para ele, sem a dimensão espiritual o ser humano tornava-se violento, niilista, apático, ou vazio de esperança. Criticou tanto a Ciência positivista quanto as religiões, pois ambas haviam descaracterizado esta unidade (corpo-espírito), a Ciência focando só a matéria, a religião, só o espírito.  Trouxe a psicologia uma nova visão  que reconhece a espiritualidade e a necessidade  de transcendência , legitimando experiências que até então foram deixadas de lado, ou pior, às vezes consideradas patológicas ou superstição. Evidente que no âmbito psico-espiritual  há vivencias patológicas, mas o tratamento  deve contemplar o ser em sua inteireza para realmente ajudá-lo a recuperar sua sanidade.
Assim podemos definir a Psicologia Transpessoal como uma abordagem que tem como objetivo tratar o homem como um ser integral, um ser complexo que engloba aspectos biológicos, mentais, sociais, ecológicos e espirituais, por intermédio do estudo da consciência. 
Mas, quem pode ser considerado o primeiro psicólogo transpessoal é Carl Gustav Jung. As diferenças entre  a psicanálise freudiana e as teorias de Jung são muito bem representativas das diferenças entre uma psicoterapia mecanicista e biomédica e uma mais humana e holística.
Freud sempre demonstrou durante sua vida um interesse por religião e espiritualidade, mas como expressão de recalques do desenvolvimento psicossexual do homem expresso na forma da cultura religiosa. Ele acreditava que era possível uma compreensão do processo irracional conflitivo, que viria das fases do desenvolvimento psicossexual, responsável pelo surgimento da religião. Jung, ao contrário, dispunha-se a aceitar o irracional e o paradoxal como válidos em si mesmos. Ele estava convicto da realidade da dimensão espiritual no esquema universal das coisas. Sua suposição básica era que o elemento espiritual é uma parte orgânica integral da psique. A verdadeira espiritualidade, ou a sua busca, é um aspecto pulsional do inconsciente coletivo, independente do condicionamento da infância e da vida do individuo, do ponto de vista cultura e educacional. Assim, se a análise e a auto-exploração alcançam suficiente profundidade, os elementos espirituais emergem espontaneamente na consciência. A maior contribuição de Jung para a psicoterapia é seu reconhecimento das dimensões espirituais da psique e suas descobertas nos campos transpessoais.
O que faz Jung um gênio da psicologia moderna é sua ampla visão, que vai bem além de sua época e o seu método científico.  O enfoque de Freud era estritamente histórico e determinístico, embasado no paradigma cartesiano-newtoniano; ele se interessava em encontrar explicações lineares-racionais para todos os fenômenos psíquicos, seguindo uma gênese histórico-biográfica. Jung estava convencido de que a causalidade linear não era o único principio mandatário na natureza. Ele criou o termo sincronicidade, para designar um principio de ligação de eventos de forma não-causal, o que explicaria as chamadas coincidências significativas de eventos separados  no tempo e/ou espaço. Também interessava intensamente pelo desenvolvimento da física moderna. Foi Einstein que, durante um encontro pessoal, encorajou Jung a perseguir o conceito de sincronicidade, e Wolfgang Pauli, um dos fundadores da teoria quântica publicou um ensaio conjunto com Jung sobre sincronicidade, bem como escreveu um estudo sobre os arquétipos na obra do físico Johannes Kepler. Não deixa de ser irônico  o fato de que, embora Freud se orgulhasse da Psicanálise ser atrelada ao mecanicismo newtoniano e de que os psicanalistas serem ‘mecanicistas incorrigíveis’, ter sido a psicologia ‘esotérica’ de Jung que tenha exercido maior impacto entre os gênios da ciência moderna.
Mas enfim, o que tem a ver Física e Psicologia? Os físicos modernos têm muito a dizer sobre a importância da consciência na definição do que seja realidade. Eles, juntamente com os místicos genuínos, estão cada vez mais próximos uns dos outros em suas tentativas para descrever o que seja o universo*. Os resultados das experiências tranpessoais sugerem que a natureza da gênese da consciência podem ser mais realisticamente descritas por místicos e fisicos modernos do que pela mais estável e aceita linha psicológica acadêmica. O enfoque holístico da realidade propiciou o surgimento de um novo campo de pesquisa, onde o principal objetivo de estudo é a consciência humana. Utiliza conhecimentos de várias disciplinas ocidentais e orientais, considerando as recentes descobertas em muitos domínios científicos como a Física, Neurologia, Psicologia, Parapsicologia, Psiquiatria, Biologia Molecular, Sociologia, Antropologia, Neunatologia, entre outras, buscando uma integração desses conhecimentos.
Assim sem dúvida alguma a abordagem Transpessoal revela um olhar contemporâneo necessário à nossa Psicologia no momento atual.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Transtorno de Estresse Pós-Traumático



O Transtorno de Estresse pós-traumático (TEPT) é um distúrbio caracterizado por um conjunto de sinais e sintomas físicos, psíquicos e emocionais, relacionados a um evento perturbador ou traumático onde o indivíduo possa ter sido vítima ou testemunha, que em geral, representam ameaça à sua vida ou a de terceiros.
Quando o indivíduo se recorda do fato, ele revive a experiência, como se estivesse acontecendo naquele momento e com a mesma sensação de sofrimento que o agente estressor provocou. Essa recordação é melhor definido como revivescência, por ser muito mais forte do que uma simples recordação.
Aproximadamente de 15% a 20% das pessoas que, de alguma forma, estiveram envolvidas em casos de violência urbana, assalto, seqüestro, acidentes, agressão física, terrorismo, tortura,  abuso sexual, guerras, catástrofes naturais e provocadas, desenvolvem o transtorno. No entanto, a maioria das pessoas só procura ajuda de um profissional em média dois anos depois das primeiras crises.
Os sintomas podem manifestar-se em qualquer idade e levar meses e até mesmo anos para aparecer.  O TEPT se diferencia dos demais transtornos de ansiedade e da maioria dos transtornos mentais por ser causado a partir de um fator externo.
Quando o evento estressor ocorre, é  necessário também que a pessoa tenha apresentado uma resposta marcante de medo, desesperança ou horror imediatamente após o evento traumático.
Depois isso o indivíduo deve passar a ter recordações vivas, intrusivas (involuntárias e abruptas) do evento, incluindo a recordação do que pensou, sentiu ou percebeu enquanto vivia o evento traumático. Ocorrem geralmente pesadelos baseados no tema, sentir como se o evento fosse acontecer de novo, chegando a comportar-se como se estivesse de fato vivendo de novo o evento traumático.
Nesses eventos é possível que o paciente tenha flashbacks ou alucinações com as imagens do evento traumático. As situações que lembram o evento causam intenso sofrimento e são evitadas. Ter de expor-se novamente ao local pode ser insuportável para o paciente. Por isso o paciente passa a evitar os assuntos que lembrem o evento, como também as conversas, pessoas, objetos e sensações, tudo que se relacione ao trauma. A recordação dos aspectos essenciais do trauma pode também ser apagada da memória.
Outra característica é  quando a  pessoa pode afasta-se do convívio social e outras atividades mesmo que não relacionadas ao evento. Pode passar a sentir-se diferente das outras pessoas.
Pode passar também a ter dificuldade de sentir determinadas emoções, como se houvesse um embotamento geral dos afetos. Pode passar a encarar as coisas com uma perspectiva de futuro mais restrita, passando a viver como se fosse morrer dentro de poucos anos, sem que exista nenhum motivo para isso. 
Outros sintomas podem ser também insônia, irritabilidade, dificuldade de concentração, respostas exageradas a estímulos normais ou banais.
É necessário que esses sintomas estejam presentes por no mínimo um mês para ser realizado o diagnóstico. Caso o tempo seja inferior a isso não significa que a pessoa não teve nada, só não se pode receber esse diagnóstico.
Certos sintomas não compõem o diagnóstico, mas podem ser encontrados nos paciente com estresse pós-traumático como dor de cabeça, problemas gastrintestinais, problemas imunológicos, tonteiras, dores no peito e desconfortos. 
                Para o tratamento por vezes é necessário o uso de terapia medicamentosa com ansiolíticos e acompanhamento psicoterapêutico. No trabalho com a psicoterapia transpessoal utiliza-se técnicas de relaxamento e pacificação interior,  trabalhos corporais, jornadas guiadas, etc. 

Importante:

* Atenção: o número de diagnósticos de transtorno do estresse pós-traumático tem aumentado nas últimas décadas. Procure assistência médica, se apresentar sintomas que possam ser atribuídos a esse distúrbio da ansiedade;
* Lembre-se de que a ocorrência de um agente estressor não significa que a pessoa vai desenvolver TEPT: algumas são mais vulneráveis e tem predisposição.
* Não subestime os sintomas do transtorno em crianças e idosos depois de terem vivenciado situações traumáticas. Eles são mais vulneráveis a influencia de fatores externos.



quinta-feira, 11 de abril de 2013

TAG - Transtorno de Ansiedade Generalizada





 É considerada normal a ansiedade que se manifesta nas horas que antecedem uma entrevista de emprego, a publicação dos aprovados num concurso, o nascimento de um filho, uma viagem a um país exótico, uma cirurgia delicada, ou um problema econômico. Nesses casos, a ansiedade funciona como um sinal que prepara a pessoa para enfrentar o desafio e, mesmo que ele não seja superado,  favorece sua adaptação às novas condições de vida.
Segundo o Manual de Classificação de doenças mentais (DSM-IV), o TAG é um distúrbio caracterizado pela “preocupação excessiva ou expectativa apreensiva”, persistente e de difícil controle, que perdura por seis meses no mínimo e vem acompanhado por três ou mais dos seguintes sintomas: inquietação, fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentração, tensão muscular e perturbação do sono.
Uma das maneiras de diferenciar a ansiedade generalizada da ansiedade normal é através do tempo e duração de sintomas. A ansiedade normal se restringe a uma determinada situação,e mesmo que uma situação problemática causadora de ansiedade não mude,a pessoa tende a adaptar-se e tolerar melhor a tensão diminuindo o grau de desconforto com o tempo, ainda que a situação permaneça desfavorável. Assim a pessoa que permaneça apreensiva, tensa, nervosa por um período maior a seis meses, ainda que tenha motivos para estar ansiosa, começa a ter critérios para diagnóstico de ansiedade generalizada.
Uma vez eliminada a ocorrência de outros transtornos mentais, doenças físicas ou alguma substância, pode-se admitir o diagnóstico de ansiedade generalizada, respeitada os seguintes sintomas que precisam estar presentes:
- Dificuldade para relaxar ou a sensação de que esta a ponto de estourar;
- Cansa-se com facilidade;
- Dificuldade de concentração e freqüentes esquecimentos;
- Irritabilidade;
- Tensão Muscular;
- Dificuldade para adormecer ou sono insatisfatório;
             As mulheres são duas vezes mais acometidas pela ansiedade generalizada do que os homens. A prevalência desse transtorno na população é relativamente alta, em torno de 3% da população geral sendo também o tipo de transtorno de ansiedade mais freqüente do grupo dos transtornos de ansiedade. Nos períodos naturais de estresse os sintomas tendem a piorar, ainda que o estresse seja bom, como o próprio casamento ou um novo emprego. As mulheres abaixo de 20 anos são as mais acometidas, podendo, contudo, começar antes disso, desde a infância, ou pelo contrário, em idades mais avançadas, apesar da idade avançada diminuir as chances do surgimento de transtornos de ansiedade.
            O transtorno de ansiedade generalizada costuma ser crônico, duradouro com pequenos períodos de remissão dos sintomas, mas geralmente leva o paciente a sofrer com o estado de ansiedade durante anos. No processo terapêutico transpessoal são utilizados técnicas de ‘morte e renascimento do ego’, jornadas de fantasias, trabalhos corporais, técnicas perinatais de Léo Matos, exercícios respiratórios e bioenergéticos  para reativar e liberar as memórias ancoradas no corpo, etc.  



Recomendações
* Se você é visto como alguém de estopim curto, que anda sempre com os nervos à flor da pele e tem muita dificuldade para relaxar, provavelmente chegou a hora de procurar um médico para avaliar esse estado permanente de tensão e ansiedade;
* Se você cobra muito de si mesmo, está sempre envolvido em inúmeras tarefas e pressionado pelos compromissos, tente pôr ordem não só na sua agenda, mas também na sua rotina de vida, sem esquecer de reservar um tempo para o lazer. Se não conseguir sozinho, não se envergonhe, peça ajuda.