sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Meu filho troca as letras

Primeiramente quero me desculpar com meus leitores pelos meses sem postagem, mas vamos reiniciar os artigos no blog com todo o gás! Começando hoje com um problema que esta cada vez mais recorrente nos consultórios. 


Cerca de 10% das crianças em idade escolar apresentam dislexia, sendo observada com maior freqüência em meninos.  De acordo com a Associação Brasileira de Dislexia, o transtorno acomete de 0,5% a 17% da população mundial, pode manifestar-se em pessoas com inteligência normal ou mesmo superior e persistir na vida adulta.
A dislexia é uma dificuldade no aprendizado da escrita e da leitura, em crianças sem déficit intelectual, emocional e sensorial, mas que apresentam alterações psicomotoras e perceptivas, acompanhadas de determinados distúrbios da fala.
Cumpre ressaltar que não se pode rotular de dislexia toda e qualquer dificuldade na leitura ou na escrita, bem como as dificuldades de aprendizado que tem como base um problema emocional, um pequeno déficit sensorial ou, mesmo, uma inadaptação ao método pedagógico.
Especialistas chegaram a conclusão que a dislexia é causada por uma alteração cromossômica hereditária, o que explica a ocorrência em pessoas da mesma família. Pesquisas recentes mostram que a dislexia pode estar relacionada com a produção excessiva de testosterona pela mãe durante a gestação da criança.
Os sintomas variam de acordo com os diferentes graus de gravidade do distúrbio e tornam-se mais evidentes durante a fase da alfabetização. Entre os mais comuns encontram-se as seguintes dificuldades:
 1) para ler, escrever e soletrar;
 2) de entendimento do texto escrito;
3) para de identificar fonemas, associá-los às letras e reconhecer rimas e aliterações;
4) para decorar a tabuada, reconhecer símbolos e conceitos matemáticos (discalculia);
5) ortográficas: troca de letras, inversão, omissão ou acréscimo de letras e sílabas (disgrafia);
 6) de organização temporal e espacial e coordenação motora.

É muito freqüente o disléxico apresentar déficit  no domínio da ação, da motricidade, da organização temporoespacial, da capacidade de globalização do esquema corporal, na dominância lateral, podendo ser acrescentados distúrbios de atenção da memória e alteração da relação figura-fundo. A má estruturação do espaço  no disléxico manifesta-se, no início, por dificuldades em situar as diversas partes do corpo, umas em relação às outras; as noções de alto,baixo, em frente, atrás e, sobretudo, direita e esquerda são confundidas, o que, no domínio da leitura, provoca confusão entre certas letras como p e q; d e b, u e n; p e b. Cada letra é percebida isolada e corretamente, mas as  relações que as crianças estabelecem entre elas não são estáveis, dependem do sentido do deslocamento do seu olhar.
Comumente a dislexia é diagnosticada a partir da época em que a criança é alfabetizada (geralmente 6/7 anos). Entretanto há várias manifestações pré-disléxicas que ocorrem bem cedo e há possibilidade de serem detectadas ainda no jardim da infância.
O diagnóstico é feito por exclusão, em geral por equipe multidisciplinar (médio, psicólogo, psicopedagogo, fonoaudiólogo, neurologista). antes de afirmar que uma pessoa é disléxica, é preciso descartar a ocorrência de deficiências visuais e auditivas, déficit de atenção, escolarização inadequada, problemas emocionais, psicológicos e socioeconômicos que possam interferir na aprendizagem. É de extrema importância estabelecer o diagnóstico precoce para evitar que sejam atribuídos aos portadores do transtorno rótulos depreciativos, com reflexos negativos sobre a auto-estima e projeto de vida. 
Ainda não se conhece a cura para a dislexia. De modo geral, o prognóstico é bom. Felizmente, a dislexia não é uma condição progressiva. Porém, o tratamento exige a participação de especialistas em várias áreas ( pedagogia, fonoaudiologia, psicologia, etc.) para ajudar ao individuo com dislexia a superar, na medida do possível, o comprometimento no mecanismo da leitura, da expressão escrita ou da matemática.

 Importante:

-  Algumas dificuldades que as crianças podem apresentar durante a alfabetização só ocorrem porque são pequenas e imaturas e ainda não estão prontas para iniciar o processo de leitura e escrita. Se as dificuldades persistirem, o ideal é encaminhar a criança para avaliação por profissionais capacitados;
- O diagnóstico de dislexia não significa que a criança seja menos inteligente; significa apenas que é  portadora de um distúrbio que pode ser corrigido ou atenuado; 
- Saber que a pessoa é portadora de dislexia e as características do distúrbio é o melhor caminho pra evitar prejuízos no desempenho escolar e social e os rótulos depreciativos que levam à baixa-estima.


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