Primeiramente quero me desculpar com meus leitores pelos meses sem postagem, mas vamos reiniciar os artigos no blog com todo o gás! Começando hoje com um problema que esta cada vez mais recorrente nos consultórios.
Cerca
de 10% das crianças em idade escolar apresentam dislexia, sendo observada com
maior freqüência em meninos. De
acordo com a Associação Brasileira de Dislexia, o transtorno acomete de 0,5% a
17% da população mundial, pode manifestar-se em pessoas com inteligência normal
ou mesmo superior e persistir na vida adulta.
A
dislexia é uma dificuldade no aprendizado da escrita e da leitura, em crianças
sem déficit intelectual, emocional e sensorial, mas que apresentam alterações
psicomotoras e perceptivas, acompanhadas de determinados distúrbios da fala.
Cumpre
ressaltar que não se pode rotular de dislexia toda e qualquer dificuldade na
leitura ou na escrita, bem como as dificuldades de aprendizado que tem como
base um problema emocional, um pequeno déficit sensorial ou, mesmo, uma
inadaptação ao método pedagógico.
Especialistas
chegaram a conclusão que a dislexia é causada por uma
alteração cromossômica hereditária, o que explica a ocorrência em pessoas da
mesma família. Pesquisas recentes mostram que a dislexia pode estar relacionada
com a produção excessiva de testosterona pela mãe durante a gestação da
criança.
Os sintomas variam de acordo com os diferentes
graus de gravidade do distúrbio e tornam-se mais evidentes durante a fase da
alfabetização. Entre os mais comuns encontram-se as seguintes dificuldades:
1) para ler,
escrever e soletrar;
2) de
entendimento do texto escrito;
3) para de identificar fonemas, associá-los às
letras e reconhecer rimas e aliterações;
4) para decorar a tabuada, reconhecer símbolos e
conceitos matemáticos (discalculia);
5) ortográficas: troca de letras, inversão, omissão
ou acréscimo de letras e sílabas (disgrafia);
6) de
organização temporal e espacial e coordenação motora.
É muito freqüente o disléxico apresentar
déficit no domínio da ação, da
motricidade, da organização temporoespacial, da capacidade de globalização do
esquema corporal, na dominância lateral, podendo ser acrescentados distúrbios
de atenção da memória e alteração da relação figura-fundo. A má estruturação do
espaço no disléxico manifesta-se, no
início, por dificuldades em situar as diversas partes do corpo, umas em relação
às outras; as noções de alto,baixo, em frente, atrás e, sobretudo, direita e
esquerda são confundidas, o que, no domínio da leitura, provoca confusão entre
certas letras como p e q; d e b, u e n; p e b. Cada letra é percebida isolada e
corretamente, mas as relações que as
crianças estabelecem entre elas não são estáveis, dependem do sentido do deslocamento
do seu olhar.
Comumente a dislexia é diagnosticada a partir da
época em que a criança é alfabetizada (geralmente 6/7 anos). Entretanto há
várias manifestações pré-disléxicas que ocorrem bem cedo e há possibilidade de
serem detectadas ainda no jardim da infância.
O diagnóstico é feito por exclusão, em geral por equipe multidisciplinar (médio, psicólogo, psicopedagogo, fonoaudiólogo, neurologista). antes de afirmar que uma pessoa é disléxica, é preciso descartar a ocorrência de deficiências visuais e auditivas, déficit de atenção, escolarização inadequada, problemas emocionais, psicológicos e socioeconômicos que possam interferir na aprendizagem. É de extrema importância estabelecer o diagnóstico precoce para evitar que sejam atribuídos aos portadores do transtorno rótulos depreciativos, com reflexos negativos sobre a auto-estima e projeto de vida.
Ainda não se conhece a cura para a dislexia. De modo geral, o prognóstico é bom. Felizmente, a dislexia não é uma condição progressiva. Porém, o tratamento exige a participação de especialistas em várias áreas ( pedagogia, fonoaudiologia, psicologia, etc.) para ajudar ao individuo com dislexia a superar, na medida do possível, o comprometimento no mecanismo da leitura, da expressão escrita ou da matemática.
Importante:
- Algumas dificuldades que as
crianças podem apresentar durante a alfabetização só ocorrem porque são
pequenas e imaturas e ainda não estão prontas para iniciar o processo de
leitura e escrita. Se as dificuldades persistirem, o ideal é encaminhar a
criança para avaliação por profissionais capacitados;
- O diagnóstico de dislexia não significa que a criança seja menos inteligente; significa apenas que é portadora de um distúrbio que pode ser corrigido ou atenuado;
- Saber que a pessoa é portadora de dislexia e as características do distúrbio é o melhor caminho pra evitar prejuízos no desempenho escolar e social e os rótulos depreciativos que levam à baixa-estima.