quinta-feira, 23 de maio de 2013

A Criança e a Fase de Enfrentamento aos Pais

       A partir dos 18 meses de idade até por volta dos 4 anos, começa uma fase de enfrentamento aos pais,  especialmente por ser um momento de maior autonomia para a criança. Nessa fase aprende a controlar os esfíncteres anais e a bexiga, e já adquiriu todos os instrumentos necessários para formar frases e conversar. 
É o período em que a criança começa a se reconhecer como uma pessoa e quer mostrar que tem opinião própria: ela não quer tomar banho, recusa-se a sair do balanço, quer escolher as próprias roupas, rejeita o prato de comida, enfim, variados comportamentos opostos ao que o adulto solicita.
Antes de qualquer coisa, não se desesperem: a fase do não faz parte do desenvolvimento da criança. Entre 1 a 2 anos, a criança provavelmente já escutou muitos ‘nãos’, então quando começa a dizer ‘não’, nem sempre esta desafiando o adulto, pode estar apenas imitando-o. 

Por outro lado, enquanto a criança estiver nesse processo de descoberta de seus atributos como pessoa, ela continuará apresentando uma acentuada tendência a opor-se a interferências. Por isso resiste a qualquer coisa que não se harmonize com as ideias e atitudes que adotou. Ela vê quase todas as propostas dos adultos como uma ameaça potencial a sua identidade. Essa reação de oposição representa uma fase de transição entre a dependência e docilidade do bebê e a autonomia e a iniciativa características das crianças em idade pré-escolar.

Essa fase exige paciência dos pais para contornar os muitos ‘nãos’. A conversa ainda é a melhor solução, mesmo que nessa idade a criança não compreenda tudo. Converse com seu filho para fazê-lo mudar de idéia, usando argumentos que a criança possa entender. Outro ponto importante a destacar é que ser compreensiva com a criança não quer dizer que os pais sejam flexíveis as regras.

Muitas vezes pais que passam pouco tempo com os filhos, cedem facilmente aos apelos das crianças, por se sentirem culpados, deixando os filhos fazerem o que bem querem. Então favorável ou não, é a opinião dos pais que determinam os limites.  Não podemos esquecer que as regras e limites são fatores importantíssimos para um desenvolvimento saudável da personalidade da criança.

Por fim, os conceitos éticos da criança de 2 até por volta dos 6 anos de idade fundamentam-se basicamente nas conseqüências de suas ações. Portanto, o medo da punição e o respeito à autoridade dos pais são os primeiros aspectos subjacentes à orientação moral da criança.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes: Alerta aos Pais, Educadores e a Sociedade.


        O abuso sexual é definido como uma situação em que uma criança ou um adolescente é usado para a gratificação sexual de um adulto ou mesmo de um adolescente mais velho, com mais de 16 anos e 5 anos mais velho que a vítima. O abuso sexual geralmente é praticado em situações nas quais o adulto induz a criança ou o adolescente, por meio de sedução, mentiras, promessas, presentes, ameaças e até violência física.
         A exploração sexual caracteriza-se pelo uso deles com fins comerciais e de lucro, seja levando-os a manter atividades sexuais com adultos ou adolescentes mais velhos, seja utilizando-os para a produção de materiais pornográficos como revistas, filmes, fotos e sites na Internet. São considerados exploradores, o cliente que paga pelos serviços sexuais e, também, os intermediários que induzem, facilitam ou obrigam crianças e adolescentes a se prostituírem.
O abuso sexual de crianças e adolescentes é mais comum do que se imagina. Os agressores em sua maioria são homens, com idade entre 30 e 40 anos, familiares das vítimas ou conhecidos da própria família. Portanto, fique atento a adultos , inclusive de sua confiança,  que com freqüência estão rodeados de crianças, oferecendo presentes e se colocando a disposição para ajudar em atividades cotidianas, escolares ou religiosas, sem cobrar por isto.

Fique atento também a algumas táticas usadas por abusadores:
- Fazem-se passar por jovens ou crianças da mesma idade;
- Abordam assuntos que agradam suas vítimas potenciais;
- Oferecem algum benefício monetário ou presente;
- Tornam-se ‘amigos’, criando uma atmosfera de acolhimento e dependência;
- Usam informações fornecidas por crianças, adolescentes e jovens durante o contato pela internet ou nos perfis criados em sites de relacionamento;
- Podem buscar esse contato fora da internet, pessoalmente, nas escolas, clubes ou lan houses.

As conseqüências do abuso sexual são graves: a criança abusada pode ter crises de choro, medo de ficar sozinha ou de situações específicas; pode ter prejuízo no relacionamento interpessoal, ficando retraída ou agressiva, apresentar problemas somáticos sem causas médicas e queda no desempenho escolar.
A criança pode ficar confusa com relação ao que aconteceu; sentir medo de ter provocado a situação, sentir-se coagida a guardar segredo, e tem medo de ser castigada caso conte o ocorrido. A situação é especialmente problemática quando o abusador  for um familiar ou alguém  íntimo da família e a criança já apresentar problemas de comportamento. De acordo com um estudo realizado na Austrália crianças que sofrem de negligência ou abuso físico e emocional tendem a desenvolver comportamentos de risco, como tabagismo e sedentarismo, que podem levar a doenças crônicas ao longo da vida.  Caso a criança conte que sofreu um abuso, observe, verifique, denuncie! Apenas 6% dos casos em que a criança relata a agressão relacionam-se à fantasia ou mentira. Muitas vezes, por vergonha, a criança, que tem o imaginário muito fértil, revela de maneira fantasiosa um caso para contar um abuso e isso leva as pessoas a não acreditarem.
Saiba que as crianças ou adolescentes nunca são responsáveis pelo abuso sexual. As crianças são curiosas quanto à sexualidade e ainda que façam perguntas de cunho sexual ou queiram ver ou tocar os genitais de um adulto, ou ainda mostrar seus genitais, é o adulto que tem a responsabilidade de interromper esta interação. As crianças estão explorando o mundo e parte disto diz respeito a sua sexualidade. Portanto, orientar crianças a respeito da sexualidade pode ter impacto preventivo sobre situações potencias de abuso.
O abuso e exploração de crianças e adolescentes além de ser um grande problema de saúde pública é um problema psicológico grave. Do ponto de vista psicológico, devemos considerar não somente a vítima, como, também, o abusador e a família de ambos. Todos eles necessitam de apoio psicológico. Além disso, o abusador ou estuprador que for preso, mas não receber tratamento psicológico, certamente voltará a praticar esse tipo de crime ao ser solto.
A criança que sofre violação e não é tratada carrega sequelas para o resto da vida e geralmente se torna um adulto com dificuldade de relacionamento social, depressivo, com impotência sexual, frigidez, além de poder cometer suicídio.
Apesar dos diversos canais para fazer a denúncia, as pessoas ainda tem receio de denunciar, por isso muitos casos permanecem acontecendo até que a criança chegue à adolescência ou nunca são descobertos. Não hesite, procure o Conselho Tutelar ou Disque 100 (Disque Denúncia), a denúncia é anônima, podendo ser realizada de qualquer telefone.




quinta-feira, 9 de maio de 2013

Ansiedade Infantil



De acordo com um levantamento realizado em 2011 pelo Centro de Atendimento e Pesquisa de Psiquiatria da Infância e da Adolescência, o número de crianças brasileiras que sofrem de ansiedade aumentou em 60% nos últimos dez anos. A ansiedade pode aparecer muito cedo, até mesmo nos primeiros meses de vida.
Ela pode se manifestar por meio de medos diversos, tais como medo do escuro, de fantasmas, de doenças, etc. E esse medo não desaparece mesmo que a criança veja que o perigo não existe.  A ansiedade, portanto, é comum nas crianças, porém, quando atrapalha seu desenvolvimento normal ela é considerada patológica.   

Pais, fiquem atentos! Os principais sintomas apresentados nas crianças com problemas emocionais, onde a ansiedade é comum vão desde problemas orgânicos, como: xixi na cama ( quando a criança já tinha deixado de fazer xixi na mesma), vômitos, falta de apetite,  dores,  problemas intestinais, perturbações durante o sono, até irritabilidade, inquietude, dificuldades alimentares, birras, insatisfação e dificuldades de atenção.  

As crianças que desde os seus primeiros anos de vida não foi incentivada a seguir regras, a atender os limites do que pode ou não, a entender que nem todos os seus desejos  podem ser satisfeitos, tendem a tornar-se crianças ansiosas. Os pais, desde cedo, devem ensinar aos seus filhos habilidades do dia a dia, como banhar-se, vestir-se, arrumar seu quarto, sua bolsa da escola,  com isso adquirindo autonomia.  Cabe ressaltar ainda, que expectativas excessivas dos pais com relação à produção escolar também fomentarão  uma ansiedade maior, assim como outras atividades exageradas. 

A mãe e o pai são figuras fundamentais para a criança, pois são eles que vão moldar o seu desenvolvimento. É importante que procurem se informar seja por meio de profissionais ou até mesmo através de leituras especializadas, de como se dá este desenvolvimento e que função, desempenham neste processo. A adequação das suas atitudes, o acolhimento das necessidades, a convivência com a insegurança e o prazer, o manejo com os desejos e a frustração, são situações com as quais estarão lidando diariamente e, com certeza, estarão oferecendo aos seus filhos a oportunidade deste aprendizado que, no futuro, lhes deixará em condições de conviver e lidar com as situações de maior complexidade.
 
Para a criança não desenvolver uma ansiedade além do normal, se faz necessário a participação tanto da mãe e do pai no processo de desenvolvimento da criança, a colocação de regras e limites, o acolhimento adequado para as ansiedades (medos, insegurança), uma boa tolerância à frustração, incentivar uma autonomia saudável, além de programas individualizados com cada filho, sem esquecer-se de inserir o pai nestas atividades.  

terça-feira, 7 de maio de 2013

Você já ouviu falar na Síndrome de Burnout?



        A Síndrome de Burbout, ou síndrome do esgotamento profissional, é um distúrbio psíquico descrito pelo médico americano Freudenberger. Sua principal característica é o estado de tensão emocional e estresse crônico provocados por condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas desgastantes.

            Podemos dividir o quadro da síndrome de burnout em quatro fases:

1ª Fase: Falta de vontade, de ânimo ou prazer de ir trabalhar. Dores nas costas, pescoço e coluna.  Diante da pergunta: “O que você tem?” a resposta geralmente é “não sei, não me sinto bem”.
2ª Fase: O relacionamento com os outros começa a se desgastar. Pode haver uma sensação de perseguição (‘estão todos contra mim’),aumenta o absenteísmo e a rotatividade de empregos.
3ª Fase: Diminuição notável da capacidade ocupacional. Podem começar a surgir doenças psicossomáticas, tais como alergias, psoríase, picos de hipertensão, etc. É nesse momento que começa a automedicação, que no princípio tem efeito placebo, mas, logo em seguida, requer doses maiores. Nesse nível pode ocorrer também o aumento de ingestão de bebidas alcoólicas
4ª Fase: Esta etapa é caracterizada pelo alcoolismo, drogas, ideias ou tentativas de suicídio. Podem surgir ainda doenças mais graves, como neoplasia (cancro), acidentes cardiovasculares, etc. Nesse momento ou até um pouco antes o ideal é se afastar do trabalho.
        Os profissionais que atuam na área de educação, saúde, assistência social, recursos humanos, agentes penitenciários, bombeiros, policias e mulheres que enfrentam dupla jornada tem maiores riscos de desenvolver o transtorno.

            Fique atento se começar a desenvolver os sintomas abaixo:

L Esgotamento emocional, com diminuição e perda de recursos emocionais;
L Despersonalização ou desumanização, que consiste no desenvolvimento de atitudes negativas, de insensibilidade ou de cinismo para com outras pessoas no trabalho ou no serviço prestado.
L Sintomas físicos de estresse, tais como cansaço e mal estar geral.
L Manifestações emocionais do tipo: falta de realização pessoal, tendências a avaliar o próprio trabalho de forma negativa, vivências de insuficiência profissional, sentimentos de vazio, esgotamento, fracasso, impotência, baixa autoestima.
L freqüente irritabilidade, inquietude, dificuldade para a concentração, baixa tolerância a frustração, comportamentos paranóides e/ou agressivos para com os clientes, companheiros e para com a própria família.
L Manifestações físicas: Como qualquer tipo de estresse, a Síndrome de Burnout pode resultar em Transtornos Psicossomáticos. Estes, normalmente referem-se à fadiga crônica, freqüentes dores de cabeça, problemas com o sono, úlceras digestivas, hipertensão arterial, taquiarritmias, e outras desordens gastrintestinais, perda de peso, dores musculares e de coluna, alergias, etc.
L Manifestações comportamentais: probabilidade de condutas aditivas e evitativas, consumo aumentado de café, álcool, fármacos e drogas ilegais, absenteísmo, baixo rendimento pessoal, distanciamento afetivo dos clientes e companheiros como forma de proteção do ego, aborrecimento constante, atitude cínica, falta de paciência e irritabilidade, desorientação, incapacidade de concentração, sentimentos depressivos, freqüente conflitos interpessoais no ambiente de trabalho e dentro da própria família.
      Para o diagnóstico faz um levantamento da história de vida do paciente e seu envolvimento e realização pessoal no trabalho.  O tratamento inclui psicoterapia, incluindo exercícios respiratórios e de relaxamento, e em alguns casos terapia medicamentosa.

IMPORTANTE:

J  Não utilize a falta de tempo como desculpa para não praticar exercícios físicos e não desfrutar momentos de descontração e lazer. Mudanças no estilo de vida podem ser uma das melhores formas de prevenir ou tratar a síndrome de burnout;
J Conscientize-se de que o consumo de álcool e de outras drogas para afastar as crises de ansiedade e depressão não é um bom remédio para resolver o problema;
J  Avalie quanto as condições de trabalho estão interferindo em sua qualidade de vida e prejudicando sua saúde física e mental. Avalie também a possibilidade de propor nova dinâmica para as atividades diárias e objetivos profissionais.