terça-feira, 19 de março de 2013

TRANSTORNOS SOMATOFORMES



O termo deriva do grego soma significando corpo, de forma que os transtornos somatoformes são um amplo grupo de doenças que tem como principal característica sintomas e sinais corporais. Segundo o Compêndio de Psiquiatria estas condições envolvem interações mente-corpo em que o cérebro, de forma ainda não bem compreendida, envia vários sinais que se fixam na consciência do paciente, indicando um problema grave no corpo. Além disso, modificações menores ou ainda não detectáveis na neuroquímica, na neurofisiologia e na neuroimunologia podem se originar de mecanismos mentais ou cerebrais ainda desconhecidos que produzem a doença.

De acordo com a CID-10 a característica essencial dos transtornos somatoformes diz respeito à presença repetida de sintomas físicos associados à busca persistente de assistência médica, apesar de que os médicos nada encontram de anormal e afirmam que os sintomas não têm nenhuma base orgânica.

 Se quaisquer transtornos físicos estão presentes, eles não explicam nem a natureza e a extensão dos sintomas, nem o sofrimento e as preocupações do sujeito. É um transtorno crônico e se associa a sofrimento psicológico, comprometimento do desempenho social e ocupacional e comportamento de procura excessiva por assistência médica.

Pacientes com transtornos de somatização apresentam várias queixas somáticas e histórias médicas longas e complicadas. Náuseas e vômitos (fora da gravidez), dificuldade de deglutação, dor nos braços e nas pernas, falta de ar não relacionada a exercícios, amnésias e complicações da gravidez e de menstruações estão entre os sintomas mais comuns. Com freqüência possuem a crença que estiveram doentes a maior parte de suas vidas. Ameaças de suicídio são comuns, mas sua consumação é rara e se ocorre, costuma estar associado ao abuso de drogas.

O transtorno hipocondríaco tem como característica essencial uma preocupação persistente com a presença eventual de um ou de vários transtornos somáticos graves e progressivos. Sensações e sinais físicos normais ou triviais são frequentemente  interpretados pelo sujeito como anormais  ou perturbadores. A atenção do sujeito se concentra em geral em um ou dois órgãos ou sistemas. Existe a crença persistente na presença de pelo menos uma doença física grave, progressiva, com sintomas determinados, ainda que os exames laboratoriais e consultas com vários médicos assegurem que nada exista.

O transtorno doloroso persistente tem como queixa predominante uma dor persistente, grave e angustiante, a qual não pode ser plenamente explicada por nenhum processo fisiológico ou por um transtorno físico. Geralmente esta associada a um fator psicológico. Depois de descartada a possibilidade de uma causa física, a investigação das circunstâncias de vida da pessoa pode revelar ganhos que o paciente obtém com a queixa persistente de dor.

Ao se fazer este diagnóstico os familiares não devem tomar uma postura de indiferença ou desprezo pelo paciente: isso só faz piorar as coisas. Também não se deve submeter aos exageros do paciente, nem às tentativas de manipulação por sua dor. O transtorno doloroso não é uma invenção, existe, não como uma origem inflamatória, mas por algum mecanismo ainda pouco conhecido que opera na mente destas pessoas.

Os indivíduos com o  transtorno neurovegetativo somatoforme atribui seus sintomas a um transtorno somático de um sistema ou de órgão inervado e controlado, em grande parte ou inteiramente, pelo sistema neurovegetativo como o  sistema cardiovascular, gastrointestinal, respiratório e urogenital.

Os sintomas são habitualmente de dois tipos, sendo que nenhum dos dois indica transtorno somático do órgão ou do sistema referido. O primeiro tipo consiste de queixas a respeito de um hiperfuncionamento neurovegetativo, por exemplo palpitações, transpiração, ondas de calor ou de frio, tremores, assim como por expressão de medo e perturbação com a possibilidade de uma doença física.

O segundo tipo consiste de queixas subjetivas inespecíficas e variáveis, por exemplo dores e sofrimentos, e sensações de queimação, peso, aperto e inchaço ou distensão, atribuídos pelo paciente a um órgão ou sistema específico.

Todos esses quadros causam grande sofrimento e podem comprometer seriamente a vida do paciente caso não sejam devidamente reconhecidos e tratados. De uma maneira geral, a abordagem mais indicada é a psicoterapia, que ajuda o paciente a encontrar as dificuldades psíquicas que estão originando o sofrimento, expresso através de queixas no corpo. Psicoterapia em grupo e Terapia familiar também podem ajudar muito, pois as dificuldades nos relacionamentos podem estar ajudando na  manutenção e agravamento dos quadros. 





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