O termo
deriva do grego soma significando
corpo, de forma que os transtornos somatoformes são um amplo grupo de doenças
que tem como principal característica sintomas e sinais corporais. Segundo o
Compêndio de Psiquiatria estas condições envolvem interações mente-corpo em que
o cérebro, de forma ainda não bem compreendida, envia vários sinais que se
fixam na consciência do paciente, indicando um problema grave no corpo. Além
disso, modificações menores ou ainda não detectáveis na neuroquímica, na
neurofisiologia e na neuroimunologia podem se originar de mecanismos mentais ou
cerebrais ainda desconhecidos que produzem a doença.
De acordo com a
CID-10 a característica essencial dos transtornos somatoformes diz respeito à
presença repetida de sintomas físicos associados à busca persistente de
assistência médica, apesar de que os médicos nada encontram de anormal e
afirmam que os sintomas não têm nenhuma base orgânica.
Se quaisquer transtornos físicos estão
presentes, eles não explicam nem a natureza e a extensão dos sintomas, nem o
sofrimento e as preocupações do sujeito. É um transtorno crônico e se associa a
sofrimento psicológico, comprometimento do desempenho social e ocupacional e
comportamento de procura excessiva por assistência médica.
Pacientes com transtornos de somatização apresentam
várias queixas somáticas e histórias médicas longas e complicadas. Náuseas e
vômitos (fora da gravidez), dificuldade de deglutação, dor nos braços e nas
pernas, falta de ar não relacionada a exercícios, amnésias e complicações da
gravidez e de menstruações estão entre os sintomas mais comuns. Com freqüência
possuem a crença que estiveram doentes a maior parte de suas vidas. Ameaças de
suicídio são comuns, mas sua consumação é rara e se ocorre, costuma estar
associado ao abuso de drogas.
O transtorno hipocondríaco tem como
característica essencial uma preocupação persistente com a presença eventual de
um ou de vários transtornos somáticos graves e progressivos. Sensações e sinais
físicos normais ou triviais são frequentemente
interpretados pelo sujeito como anormais
ou perturbadores. A atenção do sujeito se concentra em geral em um ou
dois órgãos ou sistemas. Existe a crença
persistente na presença de pelo menos uma doença física grave, progressiva, com
sintomas determinados, ainda que os exames laboratoriais e consultas com vários
médicos assegurem que nada exista.
O transtorno doloroso persistente tem como queixa predominante uma
dor persistente, grave e angustiante, a qual não pode ser plenamente explicada
por nenhum processo fisiológico ou por um transtorno físico. Geralmente esta
associada a um fator psicológico. Depois de descartada a
possibilidade de uma causa física, a investigação das circunstâncias de vida da
pessoa pode revelar ganhos que o paciente obtém com a queixa persistente de dor.
Ao se fazer este
diagnóstico os familiares não devem tomar uma postura de indiferença ou
desprezo pelo paciente: isso só faz piorar as coisas. Também não se deve
submeter aos exageros do paciente, nem às tentativas de manipulação por sua
dor. O transtorno doloroso não é uma invenção, existe, não como uma origem
inflamatória, mas por algum mecanismo ainda pouco conhecido que opera na mente
destas pessoas.
Os indivíduos com
o transtorno
neurovegetativo somatoforme atribui seus sintomas a um transtorno somático
de um sistema ou de órgão inervado e controlado, em grande parte ou inteiramente,
pelo sistema neurovegetativo como o sistema cardiovascular, gastrointestinal,
respiratório e urogenital.
Os sintomas são
habitualmente de dois tipos, sendo que nenhum dos dois indica transtorno
somático do órgão ou do sistema referido. O primeiro tipo consiste de queixas a
respeito de um hiperfuncionamento neurovegetativo, por exemplo palpitações,
transpiração, ondas de calor ou de frio, tremores, assim como por expressão de
medo e perturbação com a possibilidade de uma doença física.
O segundo tipo
consiste de queixas subjetivas inespecíficas e variáveis, por exemplo dores e
sofrimentos, e sensações de queimação, peso, aperto e inchaço ou distensão,
atribuídos pelo paciente a um órgão ou sistema específico.
Todos
esses quadros causam grande sofrimento e podem comprometer seriamente a vida do
paciente caso não sejam devidamente reconhecidos e tratados. De uma maneira
geral, a abordagem mais indicada é a psicoterapia, que ajuda o paciente a
encontrar as dificuldades psíquicas que estão originando o sofrimento,
expresso através de queixas no corpo. Psicoterapia em grupo e Terapia familiar
também podem ajudar muito, pois as dificuldades nos relacionamentos podem estar
ajudando na manutenção e agravamento dos quadros.